CHAMAS
Eliza Pierim

As vozes femininas se fazem presentes na forma de gesto. O espetáculo Chamas, performance de dança-teatro, tem seus alicerces em histórias de mulheres. Mulheres invisíveis, excluídas, trabalhadoras, mães, prisioneiras. Mulheres da grande comunidade chamada Brasil, que trazem na pele as marcas da desigualdade social. A ideia original de um trabalho solo da atriz e bailarina Chana Manica seguiu diferentes caminhos ao trilhar esse projeto. Chamas partiu de ampla pesquisa de linguagem cênica focada na expressão da condição da mulher na sociedade nos dias de hoje, por meio de oficinas, que foram chamadas de Sementes e realizadas em ONGs que acolhem e abrigam mulheres.  O fio condutor deste trabalho são as histórias reais dessas mulheres, que tiveram suas vidas atravessadas pela pobreza, pela invisibilidade, pela falta de políticas públicas. A escuta, importante em todo o processo, trouxe para a cena uma personagem multifacetada que traz em seu corpo todas as histórias ouvidas e compartilha com o público as dores e também as transformações e as esperanças de uma imensa parcela da população.

Chana Manica, artista, bailarina, atriz e mãe, mas acima de tudo mulher, se cercou de um time de profissionais da música e das artes cênicas para dar conta desse abrangente e sensível projeto, composto por uma série de ações de artes integradas. A direção é do experiente coreógrafo-bailarino Paulo Guimarães e tem participação especial da bailarina e atriz Fernanda Stein.